Se a vida fosse de brincadeira,
se o tiro não matasse
e o malandro voltasse para o carnaval,
para a sambista desesperada do canto da sala.
Se o rio nunca secasse,
ou se a chuva sempre viesse a tempo.
Ou ainda se a fome não fosse tão vaidosa
e os meninos todos pudessem contar estrelas
para se entender.
Se a solidão não doesse ou não demorasse tanto,
se o inverno só acontecesse
a quem tivesse agasalhos novos para estrear,
ou se o frio não causasse tantos danos à alma
e o mendigo sorrisse, na contramão,
por conta de uma aceno amistoso
caído do banco traseiro.
Se o sol de vez em quando não se deixasse brilhar
e mesmo as flores se recusassem a vir na primavera
não teríamos calos nas juntas
bem menos em nossas esperanças.
Nossos acertos não seriam gloriosos
e todo sofrimento valeria nada.
Não teríamos por que sorrir
nem para onde ir.
Teus beijos seriam inúteis.
se o tiro não matasse
e o malandro voltasse para o carnaval,
para a sambista desesperada do canto da sala.
Se o rio nunca secasse,
ou se a chuva sempre viesse a tempo.
Ou ainda se a fome não fosse tão vaidosa
e os meninos todos pudessem contar estrelas
para se entender.
Se a solidão não doesse ou não demorasse tanto,
se o inverno só acontecesse
a quem tivesse agasalhos novos para estrear,
ou se o frio não causasse tantos danos à alma
e o mendigo sorrisse, na contramão,
por conta de uma aceno amistoso
caído do banco traseiro.
Se o sol de vez em quando não se deixasse brilhar
e mesmo as flores se recusassem a vir na primavera
não teríamos calos nas juntas
bem menos em nossas esperanças.
Nossos acertos não seriam gloriosos
e todo sofrimento valeria nada.
Não teríamos por que sorrir
nem para onde ir.
Teus beijos seriam inúteis.
(Mário César Rodriges)